quarta-feira, 20 de julho de 2011

O Fermento dos fariseus – Na Igreja e Nas Romarias.


O Fermento dos fariseus – Na Igreja e Nas Romarias.

“Cuidado com o fermento dos fariseus, que é a hipocrisia”

Queridos Irmãos.

Jesus no Evangelho, adverte os Apóstolos e a cada um de nós contra o fermento dos fariseus. O que é o Fermento dos Fariseus? É a hipocrisia, que leva à prática de rituais vazios para se considerarem santos e puros, perfeitos na observação e cumprimento da Lei, melhores do que os outros que consideravam pecadores e sem direito a praticar a religião. Jesus pelo contrário nos ensina que o vínculo da Perfeição é a Caridade. Os fariseus sempre fizeram armadilhas para apanhar Jesus em contradição para depois poderem denunciá-Lo, como um homem falso.

Agindo assim, os fariseus mostravam realmente o que eram, ao tentar projectar no Outro, no Próximo as práticas que nas quais incorriam: a hipocrisia, a mentira, a observância legalista para se sentirem puros, salvos, para se colocarem à parte da sociedade de então, como aqueles que eram os legitimamente perfeitos. Enquanto os seus corações estavam longe da verdadeira perfeição, que é a do Cristo, que é o Amor.

Será que nos dias de hoje, este espírito farisaico ainda existe na nossa Igreja e em especial nas nossas Romarias Quaresmais?

Sem dúvida que sim!

Nós também podemos ser vítimas desse fermento dos fariseus quando nos deixamos contaminar com uma falsa piedade, com uma falsa sensação de estarmos limpos e salvos porque cumprimos esse ou aquele mandamento, quando nos consideramos prefeitos cumpridores de normas e de regulamentos, quando fazemos o papel de juízes iníquos, tentando apanhar os outros nossos irmãos numa falta, nos esquecendo do principal, que é o amor ao próximo como a nós mesmos, nos esquecendo de repreender com caridade.

Talvez porque tantos de nós já perdemos a capacidade de nos auto – amarmos, então estamos impedidos de amar o outro, na sua totalidade.

Condenamos os nossos irmãos Judeus, por fazerem inúmeras leis a partir do 10 Mandamentos e nós quantas fizemos na nossa Igreja Católica, ao longo de dois mil anos de história. Está certo, mais do que certo que em sociedade, em grupo, em romaria e em igreja, deve haver leis, regras e normas, afim de se evitar indisciplinas e abusos, mas será que estamos dando o mesmo valor e prioridade ao Amor ao Próximo, ao retorno da ovelha perdida, ao pecador que se encontra arrependido. Será que muitas vezes não damos mais importância a uma lei, do que à conversão. Será que não colocamos peso e fardos aos ombros dos outros que não carregamos uma única vez.

Jesus, chamou-nos a atenção e o cuidado que devemos ter com o Fermento dos Fariseus. O Apóstolo Paulo alerta para o perigo da Lei quando observada na íntegra, matar o espírito da mesma.

Em Igreja colocamos máscaras que nos disfarçam e nos distanciam dos outros. Em Romaria damos prioridade a coisas insignificantes e matamos, destruímos muitas vezes o desejo de superação e conversão dos nossos irmãos.

Darei alguns exemplos mais concretamente às nossas Romarias:

Qual é o pecado de se colocar quando chove e o frio é estremo umas luvas nas mãos ou um gorro na cabeça? Será que Jesus fica tão ofendido com estes acessórios, ou ficará mais ofendido se um irmão apanhar uma constipação, gripe ou pneumonia? Teimamos em nos armar em policias, gostamos e dá-nos um prazer enorme em vigiar os Ranchos que passam pelas nossas Comunidades e em vez de nos unirmos à sua oração, ao seu canto e a sua meditação, reparamos em coisas inúteis à Salvação.

Está mais do que certo que devemos promover esta herança preciosa e fazer “Memória” desta tradição dos nossos antepassados, mas também como nos diz o nosso Bispo D. António de Sousa Braga na sua Apresentação ao novo Regulamento das Romarias Quaresmais de 2003: “…o que importa, não é tanto a letra do texto…”

Qual é o pecado de numa subida haver irmãos que por diversos motivos não consigam acompanhar o rancho?

Irmãos, deixemo-nos destas coisas, desta mesquinhez, deste farisaísmo e olhemos para os nossos irmãos com caridade. Deixemos a critica e ajudemo-nos mais. Acolhamos os que andam tristes e oprimidos, os que anda sobrecarregados e sejamos canais do Amor de Cristo. Deixemos de seleccionar e levar só Santos na Romaria e levemos aqueles que mais necessitam de um encontro real com Cristo. Deixemos de ter medo e de marcar a diferença, pois Jesus marcou a diferença no seu tempo. Não tenhamos medo de sermos rotulados de amigos de ladrões, drogados e prostitutas, pois Jesus também no seu tempo o foi.

Estejamos atentos ao fermento dos Fariseus, pois ele só serve para destruir e não construir, desunir e não unir, excomunga em vez de fazer COMUNHÃO.

Márcio Peixoto – Irmão Mestre (Servo e Pecador)

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