ROMARIA QUARESMAL 2019 DE 25 de Fevereiro A 04 DE MARÇO
quinta-feira, 30 de abril de 2009
CRISTÃOS RENOVADOS PELO CAMINHO DA ROMARIA - PENSAMENTOS VI
Oração e Romaria
. Oração é pedir perdão a Deus e saber perdoar os irmãos. É dar o abraço da paz e esquecer os mal entendidos antes da romaria.
. Oração é fazer um esforço de uma boa preparação antes da romaria e viver e reflectir as salvas e os cânticos.
. Oração é também como nos orienta o regulamento reconciliarmo-nos com Deus e com os irmãos através do sacramento da confissão.
. Oração é falar com Deus dos nossos problemas e aflições e aceitar a sua santissima vontade.
. Oração é ajudar o irmão que se encontra fraco e debilitado fisicamente durante a caminhada a exemplo do Bom Samaritano.
. Oração é agradecer e rezar por todos os irmãos que nos matam a fome e a sede e nos acolhem durante a noite pois eles são aos olhos de Jesus Bem Aventurados.
. Oração é no silêncio da manhã ouvir a voz de Deus, fazer revisão de vida e agradecer a Deus pelos sinais e sons da natureza, pois tudo são dons da sua graça.
. Oração é sentir-se pequeno perante a gradeza e beleza da natureza e louvar a Deus como Francisco de Assis.
. Oração é rezar e interceder por todos os que nos pedem orações e depositam em nós as suas maiores esperanças.
. Oração é rezar o terço em conjunto, cumprindo a vontade e o pedido que a nossa Mãe Maria nos pediu em Fátima. É reflectir e meditar as palavras biblicas da Ave Maria e Pai Nosso.
. Oração é reflectir e meditar mais e melhor a palavra de Deus, muitas vezes substituida pela conversa inutil e na satisfação dos vícios.
. Oração é aceitar com humildade as ordens do Mestre. É olhar para o Mestre com olhos de filhos.
. Oração é partir em romaria com o objectivo de mudança de vida e conversão.
Pelo Mestre de Romeiros da Ribeira Quente
Márcio Peixoto
CRISTÃOS RENOVADOS PELO CAMINHO DA ROMARIA - PENSAMENTOS VI
ORAÇÃO A NOSSA SENHORA MÃE DE DEUS E DOS ROMEIROS
Ó Mãe de Deus e Mãe do Romeiro,
Cooperadora do Redentor e Serva do Senhor;
Estamos aqui congregados vossos pés pela fé que nos une a Cristo Jesus.
Nós somos os filhos que Ele vos confiou no alto do Calvário
E que desejam unir-se a vós, como Mãe.
Romeiros e peregrinos neste mundo, a caminho da casa do Pai,
Nós contemplamos em vós aquela que cumpriu plenamente a vontade de Deus.
Ó Maria, tu fostes a peregrina a caminho de Belém, Egipto, Nazaré e Jerusalém,
Aquela que viveu a Aliança com Deus.
Por isso vos invocamos como Mãe de Deus, Mãe da Igreja, Mãe dos Romeiros,
Cheia de Graça e Medianeira de todas as bençãos e graças que vêm das mãos de Deus.
Senhora do Romeiro nós te queremos mais do que nunca.
Senhora do Romeiro nós te louvamos com flores e sorrisos.
Senhora do Romeiros e dos nossos caminhos, olhando-te assim,
Tão elevada e tão próxima, vejo meu nome inscrito no teu coração
E reconheço em ti a minha Mãe e Senhora nesta hora e neste dia.
Nossa Senhora Mãe de Deus e do Romeiro
Rogai e intercedei a Jesus por nós.
Pelo Mestre de Romeiros da Ribeira Quente
Márcio Peixoto
CRISTÃOS RENOVADOS PELO CAMINHO DA ROMARIA - PENSAMENTOS V
2. Maria - A Mulher da Oração
Os Evangelhos relatam-nos que Maria, a jovem de Nazaré, pertencia ao povo de Israel e foi muito importante porque teve, como muitos dos seus antepassados, uma grande fé e acreditava profundamente na realização das promessas de Deus.
Maria viveu a santidade na normalidade do seu dia a dia. Esteve desde o inicio ao fim da sua vida em sintonia e união com Deus.
Desde o principio do mundo ela esteve no pensamento de Deus e a sua participação foi fundamental na Salvação da humanidade, pois ela foi o instrumento mais directo, mais importante e perfeito abaixo de Jesus Cristo.
Maria é a mulher por excelência da oração. Apesar de ser livre, ela sabe escutar e percebe bem o que Deus tem para lhe comunicar.
Maria reza com a Escritura Sagrada, medita e tem esperança na concretização do projecto maravilhoso de Deus com os homens.
A oração de Maria é de escuta, de contemplação, de meditação da palavra de Deus. É também oração de louvor pelas maravilhas de Deus no Magnificat , aquando da sua visita à prima Isabel. "O Todo Poderoso fez em mim maravilhas: Santo é o Seu Nome".
Maria é a mulher da oração no silêncio, no trabalho e nas tarefas do lar de Nazaré. No silêncio do seu dia a dia ela medita nas acções, atitudes, conversas de seu filho Jesus e tudo guarda no intimo do seu coração.
Maria é também a Mulher da oração de intercessão. Nas Bodas de Caná ela está atenta às necessidades e intercede junto de seu filho para que nada falte.
As nossas caminhadas de romaria são Marianas por natureza, mas com a finalidade de chegar a Jesus «Ad Iesum per Mariam» , a Jesus por Maria. Os nossos cânticos, salvas, petições, rogações e orações são entregues a Maria para que ela as possa levar a Jesus e de Jesus trazer-nos todas as bençãos e graças que necessitamos. Ela na romaria é a ponte, o canal, o elo de ligação que nos faz chegar a Jesus, Mestre e Senhor das nossas vidas.
Olhemos para Maria com olhos de filhos e imitemos a sua vida de humildade e serviço, imitemos a sua oração de escuta, meditação e silêncio e mais do que tudo estejamos atentos como ela à vocação e ministério a que Deus nos chama a trabalhar nas nossas comunidades e fora delas.
Pelo Mestre de Romeiros da Ribeira Quente
Márcio Peixoto
quarta-feira, 29 de abril de 2009
CRISTÃOS RENOVADOS PELO CAMINHO DA ROMARIA - PENSAMENTOS IV
4. Homens de Oração
Jesus Cristo - O Homem da Oração
Os evangelhos ensinam-nos que o Mestre Jesus tem um gosto especial pela oração na montanha e pela oração nocturna. A oração de Jesus à noite a olhar as estrelas, no silêncio ou atravessando os campos em direcção à montanha, é uma oração ao Pai em nome de todos os homens. É uma oração espontânea, de intercessão, de louvor e de petição a um Deus Pai que não o é só seu mas de todos. A oração do Pai Nosso é um bom exemplo do que atrás escrevi.
A oração do Homem Jesus é também muitas vezes uma oração misturada com algum sofrimento físico e espiritual perante a situação social e espiritual dos homens que se encontra corrompida e falsificada.
A oração de Jesus aqui na terra é imagem do dialogo eterno do Filho com o Pai, é atitude a tomar perante as dificuldades, atitude de criança que adormece no colo da mãe.
O homem Jesus não toma nenhuma decisão ou atitude sem antes orar, dar graças e pedir forças ao Pai. Agradece e bendiz em algumas ocasiões e nos momentos mais dolorosos aceita a vontade do Pai.
Recolhe-se e retira-se sozinho para a montanha e lá entra em oração e pede pelos seus. A montanha é sinal de elevação para Deus, é elo de ligação da terra com céu. Não ora pelo mundo mas intercede pelos seus que deixa neste mundo.
A semana de romaria quaresmal é um momento forte de oração, e a exemplo de Jesus devia-mos aproveitar mais e melhor os sinais que Deus nos coloca à frente dos olhos através da natureza, dos campos, das montanhas, das estrelas e do silêncio da manhã para orar-mos mais e melhor.
Pelo Mestre de Romeiros da Ribeira Quente
Márcio Peixoto
Jesus Cristo - O Homem da Oração
Os evangelhos ensinam-nos que o Mestre Jesus tem um gosto especial pela oração na montanha e pela oração nocturna. A oração de Jesus à noite a olhar as estrelas, no silêncio ou atravessando os campos em direcção à montanha, é uma oração ao Pai em nome de todos os homens. É uma oração espontânea, de intercessão, de louvor e de petição a um Deus Pai que não o é só seu mas de todos. A oração do Pai Nosso é um bom exemplo do que atrás escrevi.
A oração do Homem Jesus é também muitas vezes uma oração misturada com algum sofrimento físico e espiritual perante a situação social e espiritual dos homens que se encontra corrompida e falsificada.
A oração de Jesus aqui na terra é imagem do dialogo eterno do Filho com o Pai, é atitude a tomar perante as dificuldades, atitude de criança que adormece no colo da mãe.
O homem Jesus não toma nenhuma decisão ou atitude sem antes orar, dar graças e pedir forças ao Pai. Agradece e bendiz em algumas ocasiões e nos momentos mais dolorosos aceita a vontade do Pai.
Recolhe-se e retira-se sozinho para a montanha e lá entra em oração e pede pelos seus. A montanha é sinal de elevação para Deus, é elo de ligação da terra com céu. Não ora pelo mundo mas intercede pelos seus que deixa neste mundo.
A semana de romaria quaresmal é um momento forte de oração, e a exemplo de Jesus devia-mos aproveitar mais e melhor os sinais que Deus nos coloca à frente dos olhos através da natureza, dos campos, das montanhas, das estrelas e do silêncio da manhã para orar-mos mais e melhor.
Pelo Mestre de Romeiros da Ribeira Quente
Márcio Peixoto
CRISTÃOS RENOVADOS PELO CAMINHO DA ROMARIA - PENSAMENTOS III
3. Caminhando na Escuta da Palavra
Segundo o Cardeal L. J. Suenens, o Cristianismo é "essencialmente «Evangelho», quer dizer, «Boa Noticia», palavra que transforma a vida e ultrapassa toda a esperança humana". A Palavra de Deus é revelação, de um Deus que nos ama, nos chama e partilha connosco a sua vida divina. Jesus Cristo é para nós o maior exemplo, deste Deus que é amor e misericórdia, que é Pai, que não está longe de nós, mas que se encontra entre nós partilhando connosco a sua vida de Amor.
É próprio da missão do romeiro, anunciar com palavras e com o testemunho da sua vida esta mensagem aos outros irmãos. O romeiro é um porta-voz do Mestre Jesus e deve sentir sempre o entusiasmo de ser enviado por Ele a profetizar, anunciar e a partilhar com todos as maravilhas desta história de amor que é o Evangelho.
A Boa-Nova anunciada deve estar na nossa boca e principalmente no nosso coração. A Boa-Nova deve ser primeiramente vivida por nós e só depois anunciada aos outros. Se somos chamados a evangelizar, devemos primeiro ser evangelizados, renovados, ungidos pelo Paráclito e só depois largar as amarras da Barca e partir rumo ao mar alto, na aventura da evangelização.
Se queremos viver uma boa romaria, devemos partir para ela com o propósito da renovação e transformação interior, para que no fim sejamos cristãos autênticos em palavras e obras.
Se a evangelização atravessa uma crise, que acredito encaminha-se para um novo Pentecostes, não se deve em primeiro lugar à falta de catequistas, teólogos ou religiosos, mas sim pelo facto de muitas vezes não anunciar-mos com alegria e entusiasmo a paz, o amor e as maravilhas que esta palavra de vida nos concede.
Segundo o Papa Paulo VI: "o homem comtemporâneo escuta de melhor vontade as testemunhas do que os mestres, ou, se escuta os mestres, é porque eles são testemunhas".
A humanidade tem necessidade de testemunhas, tem necessidade de cristãos que anunciem e irradiem por toda a parte Jesus Cristo.
Cada romeiro é chamado a viver o Evangelho e a ser para todos Sal e Luz do mundo.
Palavra de Deus e a Romaria
A palavra de Deus deve sempre acompanhar-nos, pois ela é luz para os nossos caminhos. O valor e a riqueza de uma romaria não se calcula pelo número de irmãos, mas pelo testemunho evangélico dado por cada um destes irmãos.
A romaria revelou-me que um cristão é um ser em «Comunhão». Como os primeiros cristãos, na Igreja nascente, a romaria ensinou-me a partilhar, a rezar, a escutar e a ajudar os meus irmãos que durante a semana de caminhada vivem em comunidade comigo. A romaria revelou-me também Jesus Cristo, a sua Mensagem e os seus Ideais através das páginas do Evangelho e da vida daqueles que comigo caminham.
A palavra de Deus está intimamente ligada às nossas romarias e às nossas vidas, pois ela nos proporciona encontros com Cristo e com o próximo. O Evangelho nos revela o rosto de Deus nos irmãos e nos elementos da natureza. Não nos podemos esquecer que esta palavra orienta e fortalece a romaria. A palavra de Deus é um elo que nos liga a Cristo e nos une a Ele para a vida e para a morte.
A palvra de Deus, convida-nos através das romarias a fazer uma caminhada até às fontes do cristianismo, em que os primeiros cristãos tinham a preocupação de serem fieis no seu testemunho da palavra e da fé e de viverem a comunhão com os irmãos. A romaria é um bom exemplo de todas estas exigências.
Os irmãos romeiros devem sentir e viver com intensidade a missão que o Mestre Jesus lhes confiou e devem ser homens que não aceitam a fé só para si, mas que a confessam e testemunham. Os irmãos romeiros devem sentir bater bem forte nos seus corações as palavras que Jesus um dia disse: "Se alguém se declarar por mim diante dos homens, também Eu me declararei por ele diante de meu Pai".
A Palavra de Deus
Antes, Durante e Depois da Romaria
A palavra de Deus tem um papel fundamental na preparação dos que nos pedem para fazer caminhada. Sabem muito pouco do Evangelho e da mensagem que Cristo nos deixou. A preparação deve ser uma escola biblica para os que se preparam para seguir em romaria quaresmal.
Durante a semana de caminhada esta palavra de Deus deve ser vivida, celebrada e anunciada a todos os irmãos que encontramos pelo caminho. É durante a caminhada que se dá o encontro com Cristo através da sua palavra, do sacramento da penitência e da eucaristia e da comunhão fraterna.
Depois da semana de caminhada esta palavra exige de cada irmão um compromisso de mudança, de testemunho, de comunhão e de serviço aos irmãos e à comunidade cristã a que pertencemos.
Pelo Mestre de Romeiros da Ribeira Quente
Márcio Peixoto
CRISTÃOS RENOVADOS PELO CAMINHO DA ROMARIA - PENSAMENTOS I
2. Tornar-se Romeiro no Novo Milénio
Hoje, como há quinhentos anos, homens pedem para ser Romeiros e põem-se a caminho.
Hoje, como ontem, homens, ouvem a voz do Filho de Deus, querem tornar-se melhores, através do caminho da penitência, da oração e do sacrificio.
Estes homens iniciam uma caminhada renovada, que dará inicio a um novo começo e a um novo nascimento.
Homens que Caminham
Quem são estes homens que, numa sociedade moderna, secularizada, agarrada ao materialismo, vêm assim bater, por vezes com medo, à porta da romaria?
Donde vêm, quem são, que querem, que nos dizem e pedem e que respostas damos? E antes de mais, porque querem pôr-se a caminho?
O seu número cresce: cada ano, põem-se a caminho com Cristo. A fonte da fé, que dizem estar seca, durante a caminhada, transforma-se num rio de águas abundantes. Serão no futuro testemunhas da fé na fidelidade a Cristo e à sua Palavra.
Vem e Segue-Me
Entre a vontade e o primeiro pedido, primeiro passo nesta caminhada de fé, há quase um encontro: um romeiro que, um dia, lhes estende a mão e lhe diz: "Porque não sais de romeiro", repetindo assim as mesmas palavras do Mestre Jesus: "Vem e Segue-Me". Acredito que, no íntimo, já tinham uma atracção pelas romarias, mas não o sabiam. Têm todos os sintomas e sinais, só os faltam a coragem e a fé.
É um apelo insensível no início, que vai crescendo lentamente e de repente torna-se grande, graças a uma partida que Deus nos faz: "Confusamente, a vontade de converter-me crescia no meu coração" , conta um romeiro. "Encontrava-me numa aflição e fiz uma promessa. Vi nisso um sinal, um chamamento de Cristo. E resolvi fazer a caminhada" , testemunha um outro.
Por vezes esta decisão (Promessa) tem aspectos dolorosos: "Penso ter tido sempre o desejo de ser romeiro, mas o que me levou a fazer a caminhada foi a doença de minha mãe". Pode acontecer também que esta decisão surja em situações dramáticas: um romeiro perdeu, em Outubro de 1997, alguns familiares na tragédia que assolou a Ribeira Quente. Desde este momento dramático, este romeiro vivia na dor e em clima de morte, através da caminhada em romaria, abriu-se-lhe as portas da vida e da esperança, encontrou novamente Deus e alivio para a sua dor. Foi uma caminhada da morte para a vida.
Jesus nos chama a caminhar com Ele. Nos chama a subir com Ele até ao cimo do Calvário. Caminhada de sofrimento, de dor e de morte. Mas o essencial, o fundamento, o prémio desta caminhada é a vida, é a ressurreição das nossas vidas, é o grito de Aleluia. É o testemunho de que vale a pena caminhar com Cristo e com os irmãos.
Este apelo de Jesus, que muitas vezes vem na provação, nos momentos em que julgamos tudo perdido, surge quando já não esperavamos. Ele chega, chama-nos e abre-nos as portas da vida. Seguir Jesus em romaria é ter um encontro pessoal e intimo com Ele. É alcançarmos a salvação.
Ele Caminha Connosco
Cristo continua a caminhar sempre connosco. No momento da sua ascenção aos céus, Ele promete que continuará connosco, até ao fim dos tempos. Muitas vezes não nos apercebemos da sua presença, tal como os discípulos de Emaús. Na dor e na alegria, nos problemas e aflições, o Mestre Jesus que andou pelos caminhos da terra, caminha ao nosso lado. Mesmo quando fugimos d'Ele e da Sua graça, Ele não desiste e anseia o reencontro.
A romaria é um convite de Jesus, como reflectimos no ponto anterior. Um convite de mudança e conversão a todos os que andam errantes, um convite de consolação a todos os que sofrem, um convite de luz para os que andam nas trevas, um convite de esperança para os que vivem nas sombras da trsiteza e da morte. Um convite a caminhar com Ele rumo ao topo do Calvário, caminho de dor e de redenção, um convite a soltar o grito da ressurreição da manhã de Páscoa a exemplo de Madalena.
As caminhadas terrenas de Jesus foram de encontro com os homens, revelando um Deus rico em amor e misericórdia, que nunca desiste de conquistar os homens que andam afastados d'Ele. As caminhadas de Jesus neste mundo, foram de evangelização, de catequese e de aprefeiçoamento das Leis de Deus que se encontravam falsamente praticadas pelos homens daquela época. Foram caminhadas de cura física e espiritual dos que andavam enfermos.
As nossas romarias quaresmais terão de ser semelhantes às de Jesus Cristo. Caminhadas terrenas, mas em direcção ao Pai, na fidelidade ao Espirito. Caminhadas de escuta e de testemunho da Palavra de Deus, caminhadas de Amor a Deus e aos Irmãos.
A semana de romaria, é um momento por excelência de meditação nas caminhadas de Jesus. De um Deus feito homem que caminhou pelos caminhos da terra anunciando com palavras e prodigios que o Reino dos céus está presente entre homens. De meditação também sobre todos aqueles que desde 1522, caminham pelos caminhos, estradas e atalhos da nossa Ilha, implorando a midericórdia de Deus.
Jesus caminha ao nosso lado, Ele está sempre connosco, nunca nos abandona. Ele é o amigo fiel.
Que os nossos caminhos sejam sempre os do nosso amado Mestre Jesus. Caminhando com Ele e n'Ele santificaremos as nossas vidas.
Sinais de Deus
Os irmãos, a natureza, as orações e os cânticos, são momentos fortes de reflexão e meditação numa vida que seria certamente muito mais feliz se a nossa única certeza e o nosso ideal de vida tivesse fundamento em Jesus Cristo e na sua Mensagem.
A natureza motivo de descoberta de um Deus maravilhoso e perfeito que no momento da criação se encontrava muito inspirado. De um Deus que colocou os elementos da natureza ao serviço do homem.
As flores e as árvores, sinais do vigor, da beleza e da delicadeza de Deus. Sinais de que Deus olha, dá vigor e força a tudo o que cria.
As orações momentos de prece, de conversa e de intimidade com este Deus, que é Pai e Mãe, que sempre nos ouve e está de braços abertos, sempre pronto a receber as nossas dificuldades, imperfeições e pedidos. A oração eos cânticos de louvor a ao Pai do céu por todas as maravilhas, graças e bênçãos que nos concede.
Todos estes sinais são uma excelente oportunidade para fazer uma revisão do que tem sido a nossa vida e de escuta da voz do Mestre que nos pede: "Sede perfeitos, como o vosso Pai do céu é perfeito". Somos humanos e cheios de defeitos, por vezes eles saltam ao de cima durante a caminhada. Um único objectivo deve ter o homem que parte em peregrinação: chegar mais rico na fé, e com o forte desejo de conversão e mudança.
Pelo Mestre de Romeiros da Ribeira Quente
Márcio Peixoto
CRISTÃOS RENOVADOS PELO CAMINHO DA ROMARIA - PENSAMENTOS
1. "Crês em Mim?"
Hoje, como há dois mil anos, Jesus ao se aproximar de cada um de nós, não nos exige grandes penitências, ou jejuns, mas apenas interpela-nos com a seguinte pergunta: "Crês em Mim?" E à resposta afirmativa da nossa parte Ele nos recomenda: "Vai e não tornes a pecar."
Hoje, certamente o Senhor nos interpela também com a seguinte pergunta: "E vós quem dizeis que Eu sou?" A nossa resposta dependerá do encontro que tivemos com Ele, da aceitação e abertura que disponibilizamos para que a graça divina e o Espírito Santo agisse em nós.
Nos dias de hoje nós cristãos, Romeiros por chamamento de Deus, entregamo-nos à tristeza, ao pessimismo e ao desespero. Entregamo-nos muitas vezes a coisas que são a própria negação do nosso baptismo e vida nova em Cristo. A vida fácil, o comodismo, o materialismo, a vida fora de Deus e dos sacramentos são motivos que muitas vezes nos afastam e tentam, nos desviam da grande aventura e caminhada ao lado de Cristo, Mestre e Senhor das nossas vidas.
Somos pelo baptismo, homens predestinados, confirmados e salvos pelo Filho de Deus, que não se valeu da sua igualdade com Deus, mas aniquilou-se a si próprio, como nos diz São Paulo, para que tivéssemos vida e plena vida em abundância.
Somos homens, Romeiros e peregrinos da Esperança. De uma esperança verdadeira e fiel em Cristo vivo e ressuscitado, que actua sempre na nossa vida pessoal e comunitária. Somos homens que não desviam o seu olhar do Calvário na esperança da ressurreição final.
Necessitamos urgentemente de um encontro pessoal e intimo com Cristo. É necessário restaurar a esperança, para que o amor a Deus e aos Irmãos seja um imperativo na nossa vida terrena e sinal de gozo na vida eterna.
O mundo de hoje, necessita de homens de fé, de uma fé que ensina e testemunha que do sofrimento surge a vida. A finalidade das nossas romarias é isso, para que através do sofrimento, da penitência e do jejum possa surgir a vida da graça nas nossas almas. Necessitamos de uma fé firme e inabalável, em Cristo vivo e na sua palavra, sem respeitos humanos, sem vergonhas e aceitando todas as consequências que possas surgir desta fé.
A Igreja de Cristo, necessita de homens que tragam em si o dom maravilhoso do Perdão, de um perdão sem limites. O perdão surge do amor, do amor misericordioso que não se cansa, nem se esgota. Saber perdoar e pedir perdão é um acto de humildade, e ao mesmo tempo um acto heróico. Quem ama fielmente a Deus e aos Irmãos está sempre disposto a perdoar e a acolher.
As nossas Romarias necessitam de homens com um coração grande, cheio de amor, de esperança e perdão. As nossas caminhadas necessitam de homens humildes, dispostos a acolher a Palavra de Deus, a fortalecer a sua Fé e a aumentar a sua Esperança em Cristo. As Romarias Quaresmais necessitam de uma Esperança mais sentida e vivida.
Pelo Mestre de Romeiros de Ribeira Quente
Márcio Peixoto
terça-feira, 28 de abril de 2009
"Romeiros Evangelizados por São Paulo e a Evangelizar como São Paulo"
Conferência proferida pelo Mestre de Romeiros da Ribeira Quente, a 26 de Abril de 2009, Dia Do Romeiro em Ribeira Quente.
Caros Irmãos Romeiros.
Caros Irmãos na Fé.
Em primeiro lugar, dou-vos as Boas Vindas a esta terra e casa do Apóstolo São Paulo. Como Paulo, também a minha saudação: “Aos santificados em Cristo Jesus, chamados a ser santos, com todos os que em qualquer lugar invocam o nome de Nosso Senhor Jesus Cristo, Senhor deles e nosso: graça e paz vos sejam dadas da parte de Deus, nosso Pai, e do Senhor Jesus Cristo”. (I Cor 1. 3)
Gostaria de agradecer a Deus, pela graça das nossas Romarias Quaresmais neste ano de graça dedicado aos 2000 mil anos do nascimento do Apóstolo São Paulo e pela oportunidade de novamente estarmos aqui reunidos a celebrar o “DIA DO ROMEIRO” junto a São Paulo.
Saúdo com respeito e admiração o Grupo Coordenador do Movimento “Romeiros de São Miguel”, ao nosso Assistente Padre Agostinho Pinto scj e ao Reverendo e Bom Pastor desta terra Padre Silvino Amaral. A eles o nosso mais vivo agradecimento pelo serviço que têm prestado às nossas Romarias Quaresmais e a cada um de nós pessoalmente.
Uma Saudação afectuosa aos Irmãos que por diversos motivos, não puderam estar hoje aqui connosco. Para eles as nossas orações.
Um agradecimento mais do que justo a todos os movimentos Civis, Culturais e Religiosos, que nos apoiaram materialmente e espiritualmente na realização deste encontro. Que Deus a todos recompense.
A nossa recordação e saudade para os que nos precederam na fé, e que se encontram no Reino Eterno. A todos os Irmãos Romeiros falecidos desta nossa Ilha do Arcanjo. Que Deus lhes conceda a Luz do Seu rosto.
Caminhar em pleno Ano Jubilar Paulino foi especial e será um marco na vida de todos os que participaram nas romarias quaresmais. Celebramos, rezamos, estudamos e reflectimos com o Apóstolo São Paulo, o Romeiro por excelência da Evangelização. Deixamo-nos evangelizar por São Paulo e aprendemos o serviço e o ministério de Evangelizar como São Paulo.
A Romaria foi para nós um apelo urgente de lançarmos a Barca ao largo na Missão Evangelizadora. Junto ao Apóstolo das Gentes, tomamos consciência da graça de Iavé Deus, que inunda e transforma as nossas vidas.
Como Paulo, fomos chamados à Conversão, mudança de vida, convidados a receber a luz transformadora de Cristo nas nossas vidas. Fomos chamados à Missão de Evangelizar, de anunciar Cristo crucificado a todos sem excepção, escândalo e loucura para o mundo de hoje. “A loucura de Deus é mais sábia do que os homens; e a fraqueza de Deus é mais forte do que os homens.”( I Coríntios 1, 25)
Não te envergonhes e apresenta este Cristo, como teu Salvador e Salvador da humanidade.
“Anunciar o Evangelho não é para mim um título de glória, é uma obrigação que me foi imposta. Ai de mim se não anunciar o Evangelho!” (I Cor. 9, 16) Estas palavras de Paulo devem ser para nós romeiros e cristãos baptizados, um compromisso que não podemos renunciar, pois a tarefa de anunciar o Evangelho é essencial e urgente nos nossos dias. Devemos fazer chegar a todos os homens esta Palavra divino-humana com a sua frescura e salvação eficaz. Ai de nós romeiros se não anunciar-mos o Evangelho do Mestre Jesus, com o testemunho da nossa vida, da nossa fé e da graça que recebemos.
Neste mundo tão conturbado, difícil de Evangelizar, em crise de valores, em que se apregoa a morte de Deus, somos chamados mais do que nunca a evangelizar e a apresentar este Cristo que vive em nós como São Paulo.
Na romaria da vida que estamos a viver, na nossa vida familiar, profissional, nas nossas ruas e comunidades cristãs, ponhamos os nossos dons e carismas a render com amor. Nada de vaidades, nada de soberbas, nada de respeitos humanos, nada de escondermos a imensa graça que nos foi confiada. Aprende como São Paulo a tudo fazer e sofrer com amor. Perante o ódio, a tribulação, a perseguição e o sofrimento, responde com amor. "Ainda que eu tenha o dom de profetizar e conhecer todos os mistérios e toda a ciência, ainda que eu tenha tamanha fé ao ponto de transportar montanhas, se eu não tiver amor, nada serei". (I Cor 13,2)Como Paulo, torna-te Missionário itinerante. Sê apóstolo no teu meio, faz discípulos para Jesus nas pessoas que te rodeiam. Torna-te apóstolo da verdade e da graça. "Eu não sou digno de ser chamado Apóstolo, pois persegui a Igreja de Deus. Mas, pela graça de Deus, sou o que sou, e a graça que Ele me concedeu não foi inútil; pelo contrário, tenho trabalhado mais do que todos eles; não eu, mas a graça de Deus que está comigo". (I Cor 15, 9-10) Que a graça das nossas romarias, não seja inútil queridos irmãos. Deixemos que esta graça nos conduza pelos caminhos da vida. Como Paulo, torna-te um cristão ardoroso, um
cristão activo, um cristão fiel na tua comunidade.
"Por causa de Cristo perdi tudo e considero tudo como lixo, a fim de ganhar Cristo e estar com Ele". (Fl 3, 8-9) Perante o materialismo e as seduções deste mundo paganizado, não te envergonhes de considerar tudo como lixo para ganhares a maior riqueza que é Cristo. Que a tua vida seja reduzida à identificação com Cristo e como Paulo possas proclamar: "Para mim, viver é Cristo". (Fl 1, 21)
Que no fim das nossas vidas, possamos sorrir serenamente, olhando para trás, com a felicidade de termos combatido o bom combate por Cristo. Possamos com fé curvar a nossa fronte, com o desejo de estarmos sempre unidos ao nosso Mestre e Senhor Jesus Cristo. Que uma certeza nos acompanhe na nossa vida e como Paulo possamos dizer: "Sei em quem pus a minha confiança". (II Tm 1, 12) No fim da nossa vida terrena, possamos afirmar como Paulo: "Combati o bom combate, terminei a minha carreira, guardei a fé". (II Tm 4, 7)
Caros Irmãos Romeiros!
Caros irmãos na Fé!
Ao terminar esta minha mensagem, termino a invocar a Mãe de Deus e Mãe dos Romeiros, a quem rezamos e louvamos com o objectivo de chegarmos a Jesus Cristo. Ela é a Mãe de Deus, a nossa Mãe, a Mãe da Igreja, desta Igreja que chegou a muitos lugares graças à acção missionária de São Paulo. Que ela receba as nossas orações, penitências e sacrifícios e entregue ao Seu Filho Jesus e d'Ele traga para nós e nossas comunidades cristãs as graças de que tanto necessitamos.
E termino com as mesmas palavras que Paulo dirigiu um dia à Comunidade de Corinto: "Quanto ao resto irmãos, alegrai-vos, procurai ser perfeitos, encorajai-vos, tende o mesmo sentir, vivei em paz e o Deus do Amor e da Paz estará convosco.
Saudai-vos uns aos outros com o ósculo santo. Todos os Santos vos saúdam. A graça do Senhor Jesus Cristo, o amor de Deus e a comunhão do Espírito Santo estejam com todos vós." (II Cor 13, 11-13)
GLORIOSO APÓSTOLO SÃO PAULO
ROGAI POR NÓS.
Dado em Ribeira Quente,
aos 26 dias do mês de Abril de 2009
Márcio Peixoto - Irmão Mestre
A ESPIRITUALIDADE LAICAL DAS NOSSAS ROMARIAS QUARESMAIS - Irmão Fernando Castro
Conferência proferida pelo Irmão Fernando Castro, no Dia do Romeiro celebrado a 26 de Abril na Paróquia de São Paulo / Ribeira Quente.
A ESPIRITUALIDADE LAICAL DAS NOSSAS ROMARIAS QUARESMAIS
Muito bom dia a todos.
Aqui, neste momento do Ano Paulino, e nesta pequena localidade piscatória, cuja igreja é dedicada ao Apóstolo São Paulo; aqui, neste grande dia de hoje, em que todos os fiéis católicos de Portugal transbordam de alegria pela canonização de um dos mais ilustres filhos da nossa pátria – São Nuno de Santa Maria, o Santo Condestável Nun`Álvares Pereira, como é conhecido – vimos encontrar-nos, nós irmãos romeiros e nossas famílias, a fim de celebrarmos o “Dia dos Romeiros”.
Quero agradecer o amável convite que me foi dirigido pelo Grupo Coordenador do Movimento de Romeiros de São Miguel, na pessoa do seu presidente e meu amigo Carlos Sousa Melo, para falar sobre o tema que me foi proposto, que tem por título “A espiritualidade laical das nossas romarias quaresmais”.
Por isso aqui estou, com fé, boa disposição e simplicidade, pronto para abordar esta temática, agradecendo desde já a vossa benevolência em escutar-me, o que admito não será fácil conforme podem talvez testemunhar alguns dos presentes.
Passando ao tema em questão, muita coisa boa tem sido dita, escrita e publicada sobre as romarias quaresmais que se realizam anualmente à volta desta Ilha do Arcanjo São Miguel.
Este fenómeno religioso, de riquíssimas tradições multisseculares, tem sido observado e compreendido sob diferentes ângulos e perspectivas, e isso de acordo com as diferentes sensibilidades daqueles que sobre ele se têm debruçado.
A este propósito, e como o tempo de que disponho é limitado, desejo aqui fazer apenas uma única referência que se impõe. Ou seja, uma alusão ao mais recente livro publicado sobre esta temática das romarias, que é da autoria do nosso Assistente Espiritual e irmão romeiro, Senhor Padre Agostinho Pinto.
De registar que o trabalho desenvolvido no seu livro, que tem por título “Uma Singular Peregrinação Cristã. Romarias Quaresmais da Ilha de São Miguel – Açores”, serviu de base à sua dissertação de Mestrado em Teologia, com especialidade em Teologia espiritual, na Pontifícia Faculdade de Teologia Teresianum, em Roma, mestrado esse concluído acerca de dois anos atrás.
Confesso com humildade que, depois de ter folheado e lido com muita satisfação e interesse o seu excelente e exaustivo trabalho, no qual aborda primeiramente o tema mais geral e abrangente das peregrinações cristãs, sua origem, evolução e significado, para depois se debruçar concretamente na “realidade das [nossas] romarias quaresmais, como experiência de Igreja e experiência de Deus, a partir da sua origem, sua evolução e sua razão de ser”, como o autor refere na introdução ao seu livro, não sei do que venho agora aqui falar. Pois, sempre ouvi dizer que, quando o mestre fala, o discípulo o melhor que faz é estar calado. A minha sorte é que o Senhor Padre Agostinho fala depois de mim.
Pois bem:
Com o terço na mão e a Ave-Maria nos lábios, confiando em seus corações na misericórdia e bondade de Deus, os romeiros de São Miguel, na sua peregrinação vão rezando em igrejas e ermidas - «casinhas de Nossa Senhora» -, são movidos por uma fé simples e sincera, assimilada quiçá de um franciscanismo que marcou a cultura do povo destas ilhas dos Açores desde o início do seu povoamento. A influência que os humildes frades e freiras, filhos e filhas de São Francisco, o pobrezinho de Assis, tiveram na religiosidade, nos hábitos e costumes das nossas gentes não pode ser ignorado, pois é ainda hoje bem patente.
Na sua fé, os romeiros acreditam que Jesus, Maria e José os acompanham com a Sua celestial presença e protecção nesse fraterno e alegre caminhar, que é também o das Famílias cristãs, rumo à Casa do Pai.
Os romeiros, são católicos leigos comprometidos com a sua Igreja através da sua inserção na comunidade paroquial, por um lado, e, por outro lado, naturalmente integrados no seio das suas famílias, constituindo elas próprias as células bases da vida em sociedade.
Falar dos romeiros é comover-se à sua passagem pelas as ruas e veredas da nossa ilha; é recordar a sua oração e o seu modo peculiar de andar e de vestir; é lembrar os seus lindos cânticos e orações e o seu modo de viver e de sentir a fé; é evocar a alegria cristã contagiante que brota dos seus corações, por vezes angustiados e ressequidos pelas agruras da vida; é tornar presentes os quase cinco séculos de uma tradição religiosa que marcou de modo indelével a alma do nosso povo, a alma do povo micaelense. Sim, porque os romeiros ajudaram a moldar a alma do nosso povo, a cultura das nossas gentes.
Esta expressão - A Alma do Povo Micaelense – não é nossa. Ela foi utilizada como título de um livro publicado em 1927 por um ilustre sacerdote vila-franquense, Padre Ernesto Ferreira. Vale aqui a pena recordar uma passagem desse livro, que se refere aos romeiros, e que passo a citar:
“Grande do mundo, feliz do século, os pequenos e deserdados da fortuna não maldigas; deixa também passar, sem o sorriso afrontoso do desdém, os romeiros, que são livres e amam o ar dos campos como os canários e que não coram de manifestar as suas ideias e de exteriorizar os seus pensamentos com uma sinceridade sublime, deixa-os serem felizes por alguns dias, a eles que, vivendo sob o peso do trabalho, acham consolação em fazer ecoar por cerros e chãs as orações que, quando crianças, ouviram das bocas de suas saudosas mães. Não queiras desarreigar de seus corações a mimosa flor da fé; não queiras quebrar o vaso que encerra o perfume das tradições que receberam de seus maiores e que conservam como a mais preciosa herança.
Arrancar da alma popular a ideia do maravilhoso, o sentimento de religiosidade, é um crime nefando, porque é tirar-lhe toda a esperança de gozo e de felicidade.” (fim de citação)
Uma pequena reflexão sobre esta passagem permite-nos compreender um pouco da fé, da alegria e da felicidade que os nossos irmãos romeiros que nos precederam traziam nos seus corações. Numa altura em que a vida do dia a dia era bastante mais árdua e difícil do que a vida presente, ir de romeiro era garantir, segundo o Padre Ernesto Ferreira, a felicidade pelo menos por alguns dias, aquela felicidade interior que brota da crença e da fé e que os homens não podem dar. É uma alegria e felicidade sobrenatural, fruto de um contacto mais íntimo com Deus e com Sua Santa Mãe através da oração, da penitência e das dores, de uma vida sacramental mais intensa e ainda do exercício da fraternidade cristã.
Como não será difícil descortinar pontos de convergência e de contacto entre as palavras do Padre Ernesto Ferreira, escritas como já se disse em 1927, e as do querido e saudoso Papa João Paulo II, quando visitou Portugal pela primeira vez, em 1982?
Em tom de apelo, dirigiu-se então o Papa ao povo português, citamos:
“Sede leais convosco próprios, zelai a vossa herança de fé, de valores espirituais e de honestidade de vida, que recebestes dos vossos maiores, à luz e com as bênçãos de Maria Santíssima; é uma herança rica e boa. E quereis que vos ensine um «segredo» para a conservar? É simples e já não é segredo: «rezai muito; rezai o terço todos os dias».” (fim de citação)
Caros irmãos e irmãs, ao compararmos estes dois textos, um com o outro, não descortinaremos, porventura, alguma coisa em comum?
Não descobriremos aqui bem presente a Voz escondida do Espírito Santo que, pelas bocas de um humilde sacerdote micaelense e de um Papa que veio de uma terra distante, convida à oração devota a Nossa Senhora como meio privilegiado de manter vivo o dom precioso da fé e de conservar toda uma herança de valores espirituais e de honestidade de vida, que têm marcado a alma do nosso povo lusitano ao longo dos séculos e certamente também a alma do povo micaelense?
Sim, porque desde o século XVI o povo de São Miguel vem peregrinando de uma forma organizada, com o terço na mão, com fé e alegria ao ritmo da Ave-Maria, pelos caminhos e veredas da ilha do Arcanjo, em espírito de penitência, de acção de graças e de reparação. Iluminado pela força do Espírito Santo, ele tem sabido também honrar com respeito e devoção o Senhor Santo Cristo dos Milagres, cuja Imagem venerável se encontra presente há mais dois séculos no Convento de Nossa Senhora da Esperança, na cidade de Ponta Delgada.
Uma justa e sentida homenagem merecia aqui ser prestada a todos os nossos irmãos que nos precederam na fé e souberam, ao longo dos séculos, preservar intacta essa mesma fé até aos nossos dias. Eles não eram letrados, como muitos de nós o somos hoje em dia. A grande maioria não sabia sequer nem ler nem escrever. A Bíblia e os livros de piedade cristã praticamente não existiam. No entanto, a sua fé era rija e inabalável como a rocha da lava solidificada dos vulcões, que brotam de tempos a tempos das entranhas da nossa terra.
Qual Nun`Álvares Pereira eles souberam lutar, com a arma do terço na mão, em defesa da sua fé.
Afinal, qual o verdadeiro segredo dessa crença? Descobrir esse segredo maravilhoso é como descobrir um tesouro precioso e vender tudo o que se possui para o poder adquirir, segundo a conhecida parábola do Evangelho, pois é essa mesma fé que abre as portas ao Reino de Deus.
E em que consiste essa fé?
O apóstolo S. Paulo, na sua Carta aos Hebreus, ensina-nos que “a fé é o firme fundamento das coisas que se esperam e uma demonstração das que não se vêem.” (Heb 11, 1). E acrescenta na mesma Carta: “Foi pela fé que Noé, devidamente avisado de coisas que ainda não se viam, e tomado por um piedoso temor, construiu uma arca para salvar a sua família; foi por ela que condenou o mundo e se tornou herdeiro da justiça que se obtém pela fé.” (Heb 11, 7). «rezai muito; rezai o terço todos os dias».”Eis aqui, irmãos e irmãs, que tendes a paciência e a caridade de me escutar o grande tesouro que trazemos connosco desde há séculos, e que dele desfrutamos de um modo mais intenso durante os nossos dias de romaria: o terço do rosário.
Sobre esta maravilhosa oração muito poderia e deveria ser dito. Como afirmou João Paulo II, na sua Carta Apostólica sobre o Rosário – Rosarium Virginis Mariae –, “seria impossível citar a multidão sem conta de Santos que encontraram no Rosário um autêntico caminho de santificação.” Nessa Carta, João Paulo II cita vários santos, de entre os quais há um que nos apraz referir: São Luís Maria Grignion de Montfort. São Luís de Montfort foi, citamos o Papa, “autor de uma preciosa obra sobre o Rosário - O segredo maravilhoso do Santo Rosário para converter-se e salvar-se”.
Em meu modesto entender, caros irmãos romeiros que me escutais, é este «segredo» do terço do Rosário - pedido e recomendado pela Igreja em mais de 400 documentos, oração predilecta de muitos Papas [Leão XIII:<em>“O Rosário é a expressão mais acabada da piedade cristã, o melhor modo de rezar e o mais frutuoso para alcançar o Céu.”;<strong>João Paulo II: “O Rosário é a minha oração predilecta. Oração maravilhosa! Maravilhosa na simplicidade e na profundidade… Oração tão simples e tão rica! A todos exorto cordialmente que o rezem” ] e Santos [São João Bosco: “Todas as minhas obras e trabalhos têm como base duas coisas: a Missa e o Terço”; Beata Madre Teresa de Calcutá: “Agarremo-nos sempre ao nosso terço como a trepadeira se agarra à árvore, porque sem Nossa Senhora não poderemos manter-nos firmes.”],<strong> e também pedido insistentemente por Nossa Senhora de Fátima, em 13 de Outubro de 1917, [“Sou a Senhora do Rosário, que continuem sempre a rezar o terço todos os dias”] – é este «segredo» do rosário, dizia, que constitui o fundamento e o cerne da nossa espiritualidade, que nos levará à nossa santificação e salvação.
Era tão grande a confiança que São Bernardo de Claraval, contemporâneo e parente de nosso primeiro rei D. Afonso Henriques, depositava em Nossa Senhora que, sobre o nome de Maria, e para nossa consolação, nos deixou escrito o seguinte:
“Nos perigos, nas angústias e nas dúvidas, pensai em Maria, invocai Maria. Jamais saia Maria dos vossos lábios, jamais fique Maria longe do vosso coração; e para obterdes o sufrágio das suas preces, não olvideis o exemplo da sua vida. Seguindo-A, não vos transviareis; invocando-A, não desesperareis; contemplando-A, não errareis. Por Ela amparados, jamais caireis; sob a sua protecção, nada vos causará temor; guiados por Ela, nunca vos cansareis; se Ela vos for propícia, chegareis por certo ao porto”. Que aos milhares de Ave-Marias, cantadas e rezadas durante as nossas romarias, nos esforcemos por juntar mais cinquenta, a cada dia que passa, se possível rezadas no seio das nossas famílias, para que os nossos celestiais Irmãos Romeiros – Jesus, Maria e José – que nos acompanham, como já se disse, durante a semana da romaria (assim o cremos!), possam também acompanhar-nos e proteger-nos com as suas graças e bênçãos celestes, a nós e às nossas famílias, para que um dia nos possamos todos encontrar no Reino eterno de Deus, a fim de gozar para todo o sempre o Céu e a sua infinita Beleza que, como nos diz São Paulo, “nem o olho viu, nem o ouvido ouviu, nem jamais passou pelo pensamento do homem, o que Deus preparou para aqueles que O amam.” (1 Cor 2, 9).
Gostaria ainda, antes de terminar esta minha alocução de recordar o tesouro dos tesouros da nossa fé: o da Santa Missa com a Presença real e verdadeira de Jesus no Santíssimo Sacramento da Eucaristia, ao Qual Maria está profunda e intimamente ligada.
Bendito, louvado, adorado e desagravado seja o Santíssimo Sacramento da Eucaristia; Fruto do ventre sagrado da Virgem puríssima Santa Maria!gada.
Ribeira Quente, 26 de Abril de 2009.
Irmão Fernando Castro
A ESPIRITUALIDADE LAICAL DAS NOSSAS ROMARIAS QUARESMAIS
Muito bom dia a todos.
Aqui, neste momento do Ano Paulino, e nesta pequena localidade piscatória, cuja igreja é dedicada ao Apóstolo São Paulo; aqui, neste grande dia de hoje, em que todos os fiéis católicos de Portugal transbordam de alegria pela canonização de um dos mais ilustres filhos da nossa pátria – São Nuno de Santa Maria, o Santo Condestável Nun`Álvares Pereira, como é conhecido – vimos encontrar-nos, nós irmãos romeiros e nossas famílias, a fim de celebrarmos o “Dia dos Romeiros”.
Quero agradecer o amável convite que me foi dirigido pelo Grupo Coordenador do Movimento de Romeiros de São Miguel, na pessoa do seu presidente e meu amigo Carlos Sousa Melo, para falar sobre o tema que me foi proposto, que tem por título “A espiritualidade laical das nossas romarias quaresmais”.
Por isso aqui estou, com fé, boa disposição e simplicidade, pronto para abordar esta temática, agradecendo desde já a vossa benevolência em escutar-me, o que admito não será fácil conforme podem talvez testemunhar alguns dos presentes.
Passando ao tema em questão, muita coisa boa tem sido dita, escrita e publicada sobre as romarias quaresmais que se realizam anualmente à volta desta Ilha do Arcanjo São Miguel.
Este fenómeno religioso, de riquíssimas tradições multisseculares, tem sido observado e compreendido sob diferentes ângulos e perspectivas, e isso de acordo com as diferentes sensibilidades daqueles que sobre ele se têm debruçado.
A este propósito, e como o tempo de que disponho é limitado, desejo aqui fazer apenas uma única referência que se impõe. Ou seja, uma alusão ao mais recente livro publicado sobre esta temática das romarias, que é da autoria do nosso Assistente Espiritual e irmão romeiro, Senhor Padre Agostinho Pinto.
De registar que o trabalho desenvolvido no seu livro, que tem por título “Uma Singular Peregrinação Cristã. Romarias Quaresmais da Ilha de São Miguel – Açores”, serviu de base à sua dissertação de Mestrado em Teologia, com especialidade em Teologia espiritual, na Pontifícia Faculdade de Teologia Teresianum, em Roma, mestrado esse concluído acerca de dois anos atrás.
Confesso com humildade que, depois de ter folheado e lido com muita satisfação e interesse o seu excelente e exaustivo trabalho, no qual aborda primeiramente o tema mais geral e abrangente das peregrinações cristãs, sua origem, evolução e significado, para depois se debruçar concretamente na “realidade das [nossas] romarias quaresmais, como experiência de Igreja e experiência de Deus, a partir da sua origem, sua evolução e sua razão de ser”, como o autor refere na introdução ao seu livro, não sei do que venho agora aqui falar. Pois, sempre ouvi dizer que, quando o mestre fala, o discípulo o melhor que faz é estar calado. A minha sorte é que o Senhor Padre Agostinho fala depois de mim.
Pois bem:
Com o terço na mão e a Ave-Maria nos lábios, confiando em seus corações na misericórdia e bondade de Deus, os romeiros de São Miguel, na sua peregrinação vão rezando em igrejas e ermidas - «casinhas de Nossa Senhora» -, são movidos por uma fé simples e sincera, assimilada quiçá de um franciscanismo que marcou a cultura do povo destas ilhas dos Açores desde o início do seu povoamento. A influência que os humildes frades e freiras, filhos e filhas de São Francisco, o pobrezinho de Assis, tiveram na religiosidade, nos hábitos e costumes das nossas gentes não pode ser ignorado, pois é ainda hoje bem patente.
Na sua fé, os romeiros acreditam que Jesus, Maria e José os acompanham com a Sua celestial presença e protecção nesse fraterno e alegre caminhar, que é também o das Famílias cristãs, rumo à Casa do Pai.
Os romeiros, são católicos leigos comprometidos com a sua Igreja através da sua inserção na comunidade paroquial, por um lado, e, por outro lado, naturalmente integrados no seio das suas famílias, constituindo elas próprias as células bases da vida em sociedade.
Falar dos romeiros é comover-se à sua passagem pelas as ruas e veredas da nossa ilha; é recordar a sua oração e o seu modo peculiar de andar e de vestir; é lembrar os seus lindos cânticos e orações e o seu modo de viver e de sentir a fé; é evocar a alegria cristã contagiante que brota dos seus corações, por vezes angustiados e ressequidos pelas agruras da vida; é tornar presentes os quase cinco séculos de uma tradição religiosa que marcou de modo indelével a alma do nosso povo, a alma do povo micaelense. Sim, porque os romeiros ajudaram a moldar a alma do nosso povo, a cultura das nossas gentes.
Esta expressão - A Alma do Povo Micaelense – não é nossa. Ela foi utilizada como título de um livro publicado em 1927 por um ilustre sacerdote vila-franquense, Padre Ernesto Ferreira. Vale aqui a pena recordar uma passagem desse livro, que se refere aos romeiros, e que passo a citar:
“Grande do mundo, feliz do século, os pequenos e deserdados da fortuna não maldigas; deixa também passar, sem o sorriso afrontoso do desdém, os romeiros, que são livres e amam o ar dos campos como os canários e que não coram de manifestar as suas ideias e de exteriorizar os seus pensamentos com uma sinceridade sublime, deixa-os serem felizes por alguns dias, a eles que, vivendo sob o peso do trabalho, acham consolação em fazer ecoar por cerros e chãs as orações que, quando crianças, ouviram das bocas de suas saudosas mães. Não queiras desarreigar de seus corações a mimosa flor da fé; não queiras quebrar o vaso que encerra o perfume das tradições que receberam de seus maiores e que conservam como a mais preciosa herança.
Arrancar da alma popular a ideia do maravilhoso, o sentimento de religiosidade, é um crime nefando, porque é tirar-lhe toda a esperança de gozo e de felicidade.” (fim de citação)
Uma pequena reflexão sobre esta passagem permite-nos compreender um pouco da fé, da alegria e da felicidade que os nossos irmãos romeiros que nos precederam traziam nos seus corações. Numa altura em que a vida do dia a dia era bastante mais árdua e difícil do que a vida presente, ir de romeiro era garantir, segundo o Padre Ernesto Ferreira, a felicidade pelo menos por alguns dias, aquela felicidade interior que brota da crença e da fé e que os homens não podem dar. É uma alegria e felicidade sobrenatural, fruto de um contacto mais íntimo com Deus e com Sua Santa Mãe através da oração, da penitência e das dores, de uma vida sacramental mais intensa e ainda do exercício da fraternidade cristã.
Como não será difícil descortinar pontos de convergência e de contacto entre as palavras do Padre Ernesto Ferreira, escritas como já se disse em 1927, e as do querido e saudoso Papa João Paulo II, quando visitou Portugal pela primeira vez, em 1982?
Em tom de apelo, dirigiu-se então o Papa ao povo português, citamos:
“Sede leais convosco próprios, zelai a vossa herança de fé, de valores espirituais e de honestidade de vida, que recebestes dos vossos maiores, à luz e com as bênçãos de Maria Santíssima; é uma herança rica e boa. E quereis que vos ensine um «segredo» para a conservar? É simples e já não é segredo: «rezai muito; rezai o terço todos os dias».” (fim de citação)
Caros irmãos e irmãs, ao compararmos estes dois textos, um com o outro, não descortinaremos, porventura, alguma coisa em comum?
Não descobriremos aqui bem presente a Voz escondida do Espírito Santo que, pelas bocas de um humilde sacerdote micaelense e de um Papa que veio de uma terra distante, convida à oração devota a Nossa Senhora como meio privilegiado de manter vivo o dom precioso da fé e de conservar toda uma herança de valores espirituais e de honestidade de vida, que têm marcado a alma do nosso povo lusitano ao longo dos séculos e certamente também a alma do povo micaelense?
Sim, porque desde o século XVI o povo de São Miguel vem peregrinando de uma forma organizada, com o terço na mão, com fé e alegria ao ritmo da Ave-Maria, pelos caminhos e veredas da ilha do Arcanjo, em espírito de penitência, de acção de graças e de reparação. Iluminado pela força do Espírito Santo, ele tem sabido também honrar com respeito e devoção o Senhor Santo Cristo dos Milagres, cuja Imagem venerável se encontra presente há mais dois séculos no Convento de Nossa Senhora da Esperança, na cidade de Ponta Delgada.
Uma justa e sentida homenagem merecia aqui ser prestada a todos os nossos irmãos que nos precederam na fé e souberam, ao longo dos séculos, preservar intacta essa mesma fé até aos nossos dias. Eles não eram letrados, como muitos de nós o somos hoje em dia. A grande maioria não sabia sequer nem ler nem escrever. A Bíblia e os livros de piedade cristã praticamente não existiam. No entanto, a sua fé era rija e inabalável como a rocha da lava solidificada dos vulcões, que brotam de tempos a tempos das entranhas da nossa terra.
Qual Nun`Álvares Pereira eles souberam lutar, com a arma do terço na mão, em defesa da sua fé.
Afinal, qual o verdadeiro segredo dessa crença? Descobrir esse segredo maravilhoso é como descobrir um tesouro precioso e vender tudo o que se possui para o poder adquirir, segundo a conhecida parábola do Evangelho, pois é essa mesma fé que abre as portas ao Reino de Deus.
E em que consiste essa fé?
O apóstolo S. Paulo, na sua Carta aos Hebreus, ensina-nos que “a fé é o firme fundamento das coisas que se esperam e uma demonstração das que não se vêem.” (Heb 11, 1). E acrescenta na mesma Carta: “Foi pela fé que Noé, devidamente avisado de coisas que ainda não se viam, e tomado por um piedoso temor, construiu uma arca para salvar a sua família; foi por ela que condenou o mundo e se tornou herdeiro da justiça que se obtém pela fé.” (Heb 11, 7). «rezai muito; rezai o terço todos os dias».”Eis aqui, irmãos e irmãs, que tendes a paciência e a caridade de me escutar o grande tesouro que trazemos connosco desde há séculos, e que dele desfrutamos de um modo mais intenso durante os nossos dias de romaria: o terço do rosário.
Sobre esta maravilhosa oração muito poderia e deveria ser dito. Como afirmou João Paulo II, na sua Carta Apostólica sobre o Rosário – Rosarium Virginis Mariae –, “seria impossível citar a multidão sem conta de Santos que encontraram no Rosário um autêntico caminho de santificação.” Nessa Carta, João Paulo II cita vários santos, de entre os quais há um que nos apraz referir: São Luís Maria Grignion de Montfort. São Luís de Montfort foi, citamos o Papa, “autor de uma preciosa obra sobre o Rosário - O segredo maravilhoso do Santo Rosário para converter-se e salvar-se”.
Em meu modesto entender, caros irmãos romeiros que me escutais, é este «segredo» do terço do Rosário - pedido e recomendado pela Igreja em mais de 400 documentos, oração predilecta de muitos Papas [Leão XIII:<em>“O Rosário é a expressão mais acabada da piedade cristã, o melhor modo de rezar e o mais frutuoso para alcançar o Céu.”;<strong>João Paulo II: “O Rosário é a minha oração predilecta. Oração maravilhosa! Maravilhosa na simplicidade e na profundidade… Oração tão simples e tão rica! A todos exorto cordialmente que o rezem” ] e Santos [São João Bosco: “Todas as minhas obras e trabalhos têm como base duas coisas: a Missa e o Terço”; Beata Madre Teresa de Calcutá: “Agarremo-nos sempre ao nosso terço como a trepadeira se agarra à árvore, porque sem Nossa Senhora não poderemos manter-nos firmes.”],<strong> e também pedido insistentemente por Nossa Senhora de Fátima, em 13 de Outubro de 1917, [“Sou a Senhora do Rosário, que continuem sempre a rezar o terço todos os dias”] – é este «segredo» do rosário, dizia, que constitui o fundamento e o cerne da nossa espiritualidade, que nos levará à nossa santificação e salvação.
Era tão grande a confiança que São Bernardo de Claraval, contemporâneo e parente de nosso primeiro rei D. Afonso Henriques, depositava em Nossa Senhora que, sobre o nome de Maria, e para nossa consolação, nos deixou escrito o seguinte:
“Nos perigos, nas angústias e nas dúvidas, pensai em Maria, invocai Maria. Jamais saia Maria dos vossos lábios, jamais fique Maria longe do vosso coração; e para obterdes o sufrágio das suas preces, não olvideis o exemplo da sua vida. Seguindo-A, não vos transviareis; invocando-A, não desesperareis; contemplando-A, não errareis. Por Ela amparados, jamais caireis; sob a sua protecção, nada vos causará temor; guiados por Ela, nunca vos cansareis; se Ela vos for propícia, chegareis por certo ao porto”. Que aos milhares de Ave-Marias, cantadas e rezadas durante as nossas romarias, nos esforcemos por juntar mais cinquenta, a cada dia que passa, se possível rezadas no seio das nossas famílias, para que os nossos celestiais Irmãos Romeiros – Jesus, Maria e José – que nos acompanham, como já se disse, durante a semana da romaria (assim o cremos!), possam também acompanhar-nos e proteger-nos com as suas graças e bênçãos celestes, a nós e às nossas famílias, para que um dia nos possamos todos encontrar no Reino eterno de Deus, a fim de gozar para todo o sempre o Céu e a sua infinita Beleza que, como nos diz São Paulo, “nem o olho viu, nem o ouvido ouviu, nem jamais passou pelo pensamento do homem, o que Deus preparou para aqueles que O amam.” (1 Cor 2, 9).
Gostaria ainda, antes de terminar esta minha alocução de recordar o tesouro dos tesouros da nossa fé: o da Santa Missa com a Presença real e verdadeira de Jesus no Santíssimo Sacramento da Eucaristia, ao Qual Maria está profunda e intimamente ligada.
Bendito, louvado, adorado e desagravado seja o Santíssimo Sacramento da Eucaristia; Fruto do ventre sagrado da Virgem puríssima Santa Maria!gada.
Ribeira Quente, 26 de Abril de 2009.
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