quarta-feira, 11 de novembro de 2009

Para Meditar - Boatos


Telefonou-me ao final da tarde de ontem. Que precisava de falar comigo. Há muito que não nos víamos. Quando chegou, reparei no seu ar cansado e na vincada sombra que lhe cobria os olhos. Alguém, na empresa onde trabalha, manchara a sua dignidade e comprometera-lhe o emprego com um boato.
Pensei na força destruidora que podem ter as nossas palavras - mentiras aparentemente inofensivas, mas por vezes desastrosas para a vida dos que nelas estão implicados.
A vida é feita de histórias que vão tecendo a grande história...


Havia um homem que tinha o hábito de espalhar boatos sobre o padre da sua paróquia. Um dia, tomado de remorsos, foi ter com o padre para que lhe perdoasse.
- Senhor padre, como é que eu me posso penitenciar?
O padre deu-lhe um conselho simples:
- Leve dias almofadas de penas para a praça, espete nelas uma faca, sacuda-as no ar e depois volte para casa.
O homem nada entendeu, mas assim fez. Correu para casa, pegou em duas almofadas e numa faca, foi para a praça, cortou-as e sacudiu-as no ar.
Feito o trabalho foi procurar o padre.
- Fiz exactamente o que o senhor me mandou.
- Óptimo! Agora, para compreender o mal que fazem as suas mentiras, volte lá.
- Mas para quê?
- Para recolher todas as penas que espalhou...


Boatos! Pode parecer estranha esta forma de começar o dia. Menos estranho será, dia acima, encontrá-los ou mesmo dar-lhes vida.
Podemos dizer que um boato é como um cheque.
Convém não endossá-lo enquanto não tivermos a certeza de que é verdadeiro.


(Henrique Manuel / Livro - mas há Sinais...)

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